Sobre o meu tio Zé...
Acordei hoje às 5h30... meu primo Davi estava em casa... "O que diabos alguém inventa de fazer uma visita a esta hora da manhã?", me perguntei... já estava pronto pra xingá-lo sem dó ou piedade (minha simpatia por ele beira o zero), mas aí, veio a bomba: o pai dele, meu tio Zé, faleceu esta madrugada.
Já tem alguns anos que meu tio se afundou na depressão de um jeito incrível. Parou de se exercitar, de socializar, era da cama pro sofá; do sofá pra cama. Como resultado, engordou de um modo que ele simplesmente não tinha mais opção que não fosse cama/sofá-sofá/cama.
Do ano passado pra cá, ele passou por grandes estadias em hospitais de Maceió... precisou de algumas cirurgias de alto risco... muitas visitas a setores de emergência médica... E ele sempre se recusou a ir a um especialista, ou a qualquer coisa - facilitou muito a esposa e os filhos viverem a dopá-lo...
Estes últimos meses, foi uma sessão de entope-desentope... o sistema excretório (é esse o novo nome?) dele não funcionava, mais... então, ele vivia sem fazer suas necessidades fisiológicas, e acabava na emergência de algum hospital pra fazer lavagem... até o literal fim.
Hoje, bastou chegar a notícia, e fomos todos correndo para providenciar tudo: papelada para liberação do corpo do hospital; busca por funerárias; floriculturas; até fomos ao C&A comprar roupas para ele, pois ele estava tão inchado que não cabia nas próprias roupas e meu velho não queria que ele usasse roupa da funerária... esposa, filhos, netos? NADA DE NENHUM!...
Francamente, não dou muito valor a este senhor; tampouco à sua esposa e a seus filhos. Eles são responsáveis por muitas das dores-de-cabeça que nós aqui em casa sofremos, por suas trapalhadas que sobram sempre pra meu pai resolver. O velho nunca foi flor que se cheirasse, mesmo! Melhor não entrar em detalhes além do "pai trambiqueiro, mãe songa-monga, filho ladrão, filha retardada".
Eu, neste momento, estou trancado em meu quarto. Chorei no chuveiro, e chorei MUITO. Agora, tô esperando os olhos desincharem um pouco. Não chorei pelo meu tio... chorei pelo meu pai, que, mesmo sabendo que o irmão não vale um vintém, não deixou de amá-lo em qualquer momento, e ainda fez uma linda homenagem em seu enterro. Queria conseguir ser tão doador de amor quanto ele...
Ao tio Zé... vá pra onde quer que você deva ir, consciente de tudo o que fizeste neste plano. mas, honestamente, espero não te ver, mais.
Já tem alguns anos que meu tio se afundou na depressão de um jeito incrível. Parou de se exercitar, de socializar, era da cama pro sofá; do sofá pra cama. Como resultado, engordou de um modo que ele simplesmente não tinha mais opção que não fosse cama/sofá-sofá/cama.
Do ano passado pra cá, ele passou por grandes estadias em hospitais de Maceió... precisou de algumas cirurgias de alto risco... muitas visitas a setores de emergência médica... E ele sempre se recusou a ir a um especialista, ou a qualquer coisa - facilitou muito a esposa e os filhos viverem a dopá-lo...
Estes últimos meses, foi uma sessão de entope-desentope... o sistema excretório (é esse o novo nome?) dele não funcionava, mais... então, ele vivia sem fazer suas necessidades fisiológicas, e acabava na emergência de algum hospital pra fazer lavagem... até o literal fim.
Hoje, bastou chegar a notícia, e fomos todos correndo para providenciar tudo: papelada para liberação do corpo do hospital; busca por funerárias; floriculturas; até fomos ao C&A comprar roupas para ele, pois ele estava tão inchado que não cabia nas próprias roupas e meu velho não queria que ele usasse roupa da funerária... esposa, filhos, netos? NADA DE NENHUM!...
Francamente, não dou muito valor a este senhor; tampouco à sua esposa e a seus filhos. Eles são responsáveis por muitas das dores-de-cabeça que nós aqui em casa sofremos, por suas trapalhadas que sobram sempre pra meu pai resolver. O velho nunca foi flor que se cheirasse, mesmo! Melhor não entrar em detalhes além do "pai trambiqueiro, mãe songa-monga, filho ladrão, filha retardada".
Eu, neste momento, estou trancado em meu quarto. Chorei no chuveiro, e chorei MUITO. Agora, tô esperando os olhos desincharem um pouco. Não chorei pelo meu tio... chorei pelo meu pai, que, mesmo sabendo que o irmão não vale um vintém, não deixou de amá-lo em qualquer momento, e ainda fez uma linda homenagem em seu enterro. Queria conseguir ser tão doador de amor quanto ele...
Ao tio Zé... vá pra onde quer que você deva ir, consciente de tudo o que fizeste neste plano. mas, honestamente, espero não te ver, mais.
Tom,
ResponderExcluirvocê foi honesto e é isso que conta, porque a coisa mais cruel e dolorosa que há é quando vemos alguém morrer, bancarmos os hipócritas, e passarmos a enaltecê-los. Você apenas foi franco Tom, e isso me faz admirá-lo. E não, não acho que você não saiba transbordar de amor como o seu pai... O amor é um sentimento intenso, único, sem lógica, e floresce de muitas maneiras... Seu pai, foi criado com seu Tio Zé, então seria praticamente impossível não amá-lo... Geralmente, a convivência cria o sentimento, o solidifica... e então, quando aqueles que amamos nos trazem dor, amargura, preocupações e frustrações... ao invés de passarmos a detestá-los... simplesmente sentimos pena... compaixão... tristeza... Mas quando não é amor... então, sim, não nos importamos com essa pessoa e simplesmente queremos não mais vê-la... E no fundo, sei porque você não mais quer ver seu Tio... Não é apenas porque ele teve uma vida imprestável, mas porque principalmente ele fez seu pai sofrer... e você ama seu pai... e por amá-lo, não quer vê-lo sofrer... Assim como seu pai sofreu por seu tio... porque não o queria vê-lo sofrer...
Biejos (Des)conexos!
Hummm...
ResponderExcluirÀs vezes eu gostaria de ser como vc, mas não consigo. Por mais que a pessoa que foi desta pra uma melhor (melhor mesmo?!) não tenha sido das mais afáveis ou tenha me feito tanta raiva, eu sempr espero q ao menos a alma evolua...e me arrogo de piedade nos momentos ultimos. Mas ninguem tem direito de interferir na maneira franca a honesta com a qual exprimes teus pensamentos e ideais. Aplausos para vc!:)
poxa cara, realista, mas é estranho atualmente pra nós q vivemos no mundo da interconectividade individualizados em nossas ilhas particulares deparamos com pessoas estilo seu pai. Ele é uma pessoa que me pareceu doadora, tais pessoas são complicadas para nós entedermos, mas tive e tenho experiencia com estas pessoas, tb tento ser um mas é complicado, mas tenho grandes professores.
ResponderExcluirLegal amigão, gostei da sinceridades e simplicidades de suas palavras.